O sítio do capacete amarelo
A propósito das obras do anfiteatro na Fonte Grande, em Alte, integradas no Plano de Reabilitação Urbana, Daniel Vieira, destacado artista da terra, conta a história de uma conversa entre José Cavaco Vieira - seu pai - e Cândido Guerreiro, poeta altense. Este último terá perguntado a Vieira quem era o “animal” que estava a fazer uma obra na Fonte, que o poeta detestaria. José Vieira, inteligente, nada respondeu mas parou a obra, dado que era ele o seu responsável, enquanto presidente da Junta de Freguesia.
Penso que todos perceberão o simbolismo das palavras do Daniel Vieira, ao contar a história, verdadeira, a propósito de umas obras que o seu pai (José Vieira) estaria a fazer na Fonte Grande. Ao trazer esta história, para a actualidade, o que o artista plástico quer dizer é que, simplesmente, dever-se-ia parar para ouvir as opiniões das pessoas que habitam em Alte e que têm defendido a sua terra não impedindo o seu desenvolvimento, mas fazendo-o de forma a respeitar a natureza e sobretudo o lugar sagrado, o santuário, que é a Fonte Grande. E não me digam que as pessoas não querem saber, ou não querem participar. A história de Alte mostra o contrário: se abrirmos todos os problemas à discussão as pessoas aparecem e dão ideias. O problema, meus amigos, é que a participação é uma marca decisiva que divide uns de outros. Que separa a democracia representativa da democracia participativa. Há quem o queira e há quem o evite a todo o custo. O poder mantém-se e perdura assim: escondendo-se da arraia-miúda e decidindo em gabinetes.
Há alguns dias atrás, quando visitei a Fonte Grande com o Daniel, vi a escultura do poeta Camões, que o Vieira construiu, profanada com um capacete amarelo das obras, como se simbolizasse a morte da poesia e da arte pelo betão. Na altura, ambos pensámos que se o José Vieira fosse vivo, hoje, só teria duas opções: ou impedia esta obra ou morreria de desgosto. E qualquer pessoa que o tenha conhecido sabe que eu não estou a exagerar.
Ontem, estive a visionar a entrevista que José Vieira deu, em 1995, ao programa da RTP "Zona +", na qual falava da escultura de Camões na Fonte Grande a propósito de um comentário que lhe fizera o poeta Miguel Torga, o qual considerara esta, a mais interessante forma escultórica de homenagem ao poeta dos «Lusíadas». Por isso, julgo que Vieira desejaria que a escultura fosse imediatamente retirada para lugar seguro, até conclusão da obra e depois reposta onde o povo a quisesse. O povo de Alte agradecerá.
Penso que todos perceberão o simbolismo das palavras do Daniel Vieira, ao contar a história, verdadeira, a propósito de umas obras que o seu pai (José Vieira) estaria a fazer na Fonte Grande. Ao trazer esta história, para a actualidade, o que o artista plástico quer dizer é que, simplesmente, dever-se-ia parar para ouvir as opiniões das pessoas que habitam em Alte e que têm defendido a sua terra não impedindo o seu desenvolvimento, mas fazendo-o de forma a respeitar a natureza e sobretudo o lugar sagrado, o santuário, que é a Fonte Grande. E não me digam que as pessoas não querem saber, ou não querem participar. A história de Alte mostra o contrário: se abrirmos todos os problemas à discussão as pessoas aparecem e dão ideias. O problema, meus amigos, é que a participação é uma marca decisiva que divide uns de outros. Que separa a democracia representativa da democracia participativa. Há quem o queira e há quem o evite a todo o custo. O poder mantém-se e perdura assim: escondendo-se da arraia-miúda e decidindo em gabinetes.
Há alguns dias atrás, quando visitei a Fonte Grande com o Daniel, vi a escultura do poeta Camões, que o Vieira construiu, profanada com um capacete amarelo das obras, como se simbolizasse a morte da poesia e da arte pelo betão. Na altura, ambos pensámos que se o José Vieira fosse vivo, hoje, só teria duas opções: ou impedia esta obra ou morreria de desgosto. E qualquer pessoa que o tenha conhecido sabe que eu não estou a exagerar.
Ontem, estive a visionar a entrevista que José Vieira deu, em 1995, ao programa da RTP "Zona +", na qual falava da escultura de Camões na Fonte Grande a propósito de um comentário que lhe fizera o poeta Miguel Torga, o qual considerara esta, a mais interessante forma escultórica de homenagem ao poeta dos «Lusíadas». Por isso, julgo que Vieira desejaria que a escultura fosse imediatamente retirada para lugar seguro, até conclusão da obra e depois reposta onde o povo a quisesse. O povo de Alte agradecerá.
[coluna de 1Junho05]